O evento buscou contribuir para o esforço de renovação das matrizes que informam a reflexão do Direito e da Teoria Política no Brasil. Mais especificamente, teve por objetivo divulgar e disseminar a contribuição teórica que decorre da aproximação entre Teoria Política e drama nas formas de apropriação e representação coletivas dos modos de organização do Estado.
Estudos recentes têm apontado para importantes pontos de convergência entre os momentos que caracterizam a pré e a pós-modernidade. Questões centrais como as formas de legitimar o poder soberano, de definir o melhor regime político, de negociar as diferenças entre grupos étnicos e culturais, de estabelecer as fronteiras da individualidade e do privado, com toda a gama de implicações jurídicas e políticas que acarretam, marcam um e outro momento. O drama elisabetano, como já se notou, em sua intenção deliberada de atender às expectativas de segmentos sociais absolutamente diversos, torna-se instrumento particularmente útil para aqueles que buscam entender a atmosfera intelectual da época, a vivacidade de seus embates e de suas contradições. Ele revela, em sua articulação e movimento, distinções importantes que a sociedade faz entre bem e mal, entre certo e errado, entre justo e injusto. Ele é, nas palavras de Hamlet, o espelho no qual o tempo pode contemplar sua própria miséria (Hamlet, III,2), e nos permite compreender, sob uma nova perspectiva, a contribuição de teóricos do período (como Maquiavel, Hobbes e Bodin, por exemplo) que buscavam enfrentar as mesmas questões.
Para atingir seu objetivo de divulgar e aprofundar essa matriz de reflexão e dar organicidade a esse debate dentro do Brasil, o evento contou com a presença de renomados especialistas estrangeiros (Rebecca Lemon -- University of Southern California e Arthur Marotti -- Wayne State University) e de professores e pesquisadores de diversas regiões do Brasil